4 de abr. de 2007

Miniblogs via celular: mais superficialidade?

É senso comum que a Internet é mais superficial que os meios impressos quando o assunto é jornalismo bem feito. Curioso é que, nos EUA, a população em geral já lê mais notícias em sites do que em papel.

Pierre Levy's à parte, hiperlinks que levam a uma miríade de informações superficiais não conseguem, por mais modernos, interativos e atraentes que sejam, trazer a um ser humano ávido por informação o que traz uma bela reportagem de revista, escrita após um mês de apuração, em que você concatena idéias e —sim— seleciona recortes interessantes do mundo para seu leitor. Isso não é tirania midiática; um repórter é pago por isso. E tem muito intelectual preso em bolha literária confundindo democracia da mídia —mais veículos, mais recortes— com jornalismo colaborativo —menos veículos, menos gente especializada, vozerio à toa.

Para compôr o coro dos pseudo-libertários virtuais, eis que agora começou a virar moda nos EUA um tal de Twitter, um "miniblog" (sim, conseguiram reduzir o que já era superficial). Você alimenta o "miniblog" com mensagens de celular (profundas em 140 caracteres) dizendo o que você está fazendo naquele momento.

Há mensagens como "Meu nariz dói", segundo reportagem da EFE. Mas também há pré-candidatos pseudo-moderninhos à presidência dos EUA que usam a ferramenta para levar ao público informações sobre sua campanha e seus atos. Claro, pré-candidatos muito bem assessorados por uma equipe de Marketing e Relações Públicas (estou começando a sentir o mesmo receio que sinto de advogados por RPs... já disse isso?).

Mais superficial que isso, impossível. Como saber quais são as propostas de alguém? Como conhecer suas idéias e valores? É o auge da era do instante, o instante vazio de significado. Em poucos anos, teremos músicas de 30 segundos —o Youtube já transformou a experiência de vídeo em algo descartável, extreme pós-moderno. Critica-se a obra acabada, o trabalho completo e "tirano". Soa a culposa preguiça em construir.

E por falar nisso, todo esse contexto não consegue me dizer outra coisa. Está chegando a hora de propôr algo para substituir esse tal de pós-modernismo...

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