20 de ago. de 2007

Digital precisa ser interativo (e isso não é óbvio)

De longe, exposição de arte não é mais lugar para apreciar obras à distância. Basta observar o comportamento do público que passa pelo File 2007 (Festival Internacional de Linguagem Eletrônica), em São Paulo. A era digital chegou à arte, sim. Mas parece que nem toda a arte, assim como outras áreas da cultura, sabe o que é ser digital.

A exposição, que chega a sua oitava edição como uma “mini-Siggraph”, tem 23 instalações e trabalhos de 200 artistas de 30 nacionalidades. Mesmo sem muitas explicações sobre as obras (e com algumas delas danificadas), o público se lança à interação com mesas musicais, simuladores de ondas sonoras que reagem à presença ou telões que exibem a imagem do visitante combinada a “brincadeiras digitais”, como nuvens que o perseguem ou braços adicionais que saem de sua cintura.

Para essas obras, há até fila. As pessoas se divertem, querem experimentar. Por outro lado, as obras pouco interativas (ou com uma interatividade difícil de entender) ficam em segundo plano. O público cansa rápido. Toca, experimenta, tenta descobrir. Se a máquina não responde, fica sozinha em meio à turbe carne-e-osso.

Reflexo da era digital, o File evidencia o que autores como Jay Bolter e exposições como a Siggraph mostram há quase dez anos, antes dessa onda marqueteira de “Web 2.0” —sem a participação das pessoas, o mundo digital não existe. Sem interatividade, a gente nem precisava de computador. Dê o controle (ainda que só a sensação desse controle, mas isso é assunto para oooooutro post... ;-) ao público, e ele responderá fazendo fila em sua porta. Seja ela digital ou analógica.

O File 2007 acontece na Galeria de Arte do Sesi (Av. Paulista, 1.313), em São Paulo, até o dia 9 de setembro. Mais informações em http://www.file.org.br/.

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