14 de mai. de 2007

E no final, a publicidade paga a conta

No final da semana passada chegou aqui no Ocidente a notícia de que haverá máquinas de venda de refrigerantes e doces no Japão que "darão" víveres gratuitamente a seus clientes contanto que eles vejam anúncios publicitários (leia mais).

Acabei de voltar de um café em que discutíamos, eu e dois colegas, modelos de TV pública na Europa. Na Alemanha e no Reino Unido há, por exemplo, impostos (sim, pasme) que a população banca para manter a TV aberta —neste último país, estamos falando de BBC e Channel 4.

Meu amigo brasileiro, que reside atualmente em Berlim, sonega —declara ao governo que possui apenas rádio em casa, e paga cerca de 19 euros a cada bimestre por isso. Disse que já recebeu a visita de um inspetor, que não chegou a entrar em sua casa, mas perguntou a ele se ele não possuía um aparelho de TV. Rolam, inclusive, lendas urbanas —o governo teria radares que detectariam a presença de televisores. Com medo, talvez, as pessoas pagam.

Tudo bobagem (a história do radar). Mas o fato é que paga-se para ter acesso a uma programação de qualidade. Enquanto isso, canais como a BBC exigem que até seus parceiros (como portais brasileiros) excluam vinhetas de publicidade de canais em que seus vídeos sejam exibidos.

Eis uma discussão super legal... a gente quer refrigerante, Web e TV de graça. Mas o ditado está certo: não há almoço de graça. Alguém sempre paga a conta. Nas máquinas de venda do Japão e na Internet brasileira, quem paga é a publicidade. E apesar de todos os discursos pró-isenção do jornalismo que hoje existem, pequenos produtores só vingam fazendo algo com um grande patrocinador por trás.

Aí o conteúdo é gratuito para o usuário, claro. Mas o quanto ele está perdendo, de verdade, em acesso a conhecimento, quando o conteúdo a que é exposto é produzido seguindo determinados interesses? Quem é mais fácil pressionar —uma rede de TV que sustento com "impostos" todo ano, ou o veículo que tem o rabo preso com o assinante?

Nenhum comentário: