O Saci Pererê e as abóboras
Iniciativa pequena, mas louvável: a comemoração do Dia do Saci no dia 31 de outubro, em uma única escola da rede pública em São Paulo, em vez de "doces e traquinagens" importados da cultura norte-americana. "O Saci é a cara do brasileiro, porque ele é originariamente indígena, do Sul, acabou ficando preto por causa dos escravos e ganhou o chapéu vermelho, a touca dos portugueses", explica ao Diskut a professora Marilisa Martins, da 1ª Série da EMEF Ruy Barbosa, na Zona Norte de São Paulo. Marilisa foi a única fonte que o Jornal da Tarde conseguiu localizar no Estado para falar sobre a celebração.
O dia 31 é o Dia Nacional dos Amigos do Saci. Em 2004, a comemoração virou lei no Estado de São Paulo. "O Saci é mágico como o Harry Potter. A touca dele dá poderes. Ele fica invisível às vezes. O que precisamos é que a mídia invista nisso", diz Marilisa. "Por outro lado, a preocupação é banalizar. Meu medo é que e as crianças comecem a sair por aí de touca vermelha sem saber o porquê." Para evitar isso, a professora faz sua parte: dedicará parte das aulas da última semana de outubro a atividades sobre o Saci com seus alunos.
Para ela, o "contador de causos" é uma figura importante para o imaginário brasileiro. O problema é que essa figura foi substituída pela cultura do consumo. "Quando você vai ver na vida uma mula sem cabeça?", brinca Marilisa. "Mas ela forma seu imaginário, e para a criança é uma viagem a que ela pode recorrer nos momentos difíceis. Sem precisar de estímulos químicos." E, adicionamos nós, sem recorrer à terapia do consumismo.
Resgate louvável em um país carente de elites que promovam, produzam ou ao menos mantenham a cultura brasileira.
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