30 de abr. de 2007

Mais concentração no mercado de celulares

Lembra daquele papinho libertador da década de 1990, que dizia que a privatização e o mercado dariam um jeito na má qualidade dos serviços, que a gente enfim se veria livre do monopólio do Estado e teria mais opção? Você votou naquele intelectual bem-engravatado, inclusive, que era praticamente o porta-voz desse discurso, não é?

Bem, infelizmente a democracia brasileira ainda nem maioridade fez, e a gente ainda acredita que o mero voto a presidente resolve as coisas. Esquece que o presidente nada mais é que um fantoche frente a todo um leque de interesses de quem o patrocina. Assim é o mundo do marketing.

Eis que durante o final de semana alguns nobres senhores da aristocracia européia trocaram alguns cheques, e o controle da Telecom Itália passou para... a Telefónica, que, por sua vez, é controladora da Vivo no Brasil. Com isso, já existe quem esteja questionando o acordo e as possíveis repercussões para a operação das teles móveis brasileiras Vivo e TIM. E o discursinho liberal que falava em pluralidade e concorrência vai por água abaixo com um simples acordo de cavalheiros. O lucro vence. E dane-se o resto.

E eis que o capitalismo os levou à estagnação (2)*.

*A partir deste post, passarei a numerar, em série, os links que der para o port "E o capitalismo os levou à estagnação", para tentar contar o número de vezes que aqueles que produziram ou reproduziram o discurso neoliberal que dominou a década de 1990 e permeia até hoje o ideário tucano trairam-se pela falta de reflexão e pelo oportunismo vil.

2 comentários:

Anônimo disse...

First of all, vale lembrar q o luro sustenta empregos.

Menos mal agora eu tenho telefone sem ter que pagar uma fortuna ou esprar anos a fio, a linha nao precisa ser declarada como bem para fins de imposto de renda e eu tenho para quem reclamar do mau servico prestado, o que nao acontecia na ditadura da governaca estatal.

Francisco Madureira disse...

Car@,

Concordo com tua primeira asserção. Sim, o lucro sustenta empregos no modelo de sociedade vigente (já pensou que poderíamos tentar propor/criar outro?).

Mas você já parou para pensar no que motiva o lucro? Sentado num banco em uma aula de economia, certa vez ouvi uma boa definição sobre essas motivações —e o que elas podem acarretar à vida das pessoas.

Certamente você deve conhecer a diferença entre financistas e desenvolvimentistas. Aqui no Brasil, nas camadas que pairam além do noticiário e do senso comum sobre a mídia, há uma disputa entre essas duas linhas de pensamento. A primeira deseja o lucro tão-somente para obter mais lucro. É o pensamento de Wall Street, o motor de Manhattan. O segundo não dispensa o lucro, mas tem planos. É o que tem diferenciado a costa leste da oeste dos EUA, por exemplo, nas últimas décadas —uma, decadente, perdeu a ideologia e só pensa no dinheiro pelo dinheiro; outra, em ascenção, construiu-se ao redor de universidades e cria para obter lucro. As duas têm o lucro como ambição. Mas enquanto uma senta nos bancos do marketing e da economia, a outra sai das aulas de física, matemática ou biotecnologia para propôr formas diferentes de lidar com o mundo.

Em tempo, sobre a conta do telefone —hoje você compra um celular (linha fixa é coisa do passado) por R$ 10. Diga-me: o aparelho custa só isso? Claro que não. Mas ele é subsidiado para que, em vez de pagar uma fortuna pela linha ou declará-la no IR, você assine contratos de fidelidade e pague R$ 1,40 por minuto para falar.

Nossa geração tem a sensação de que os preços caíram e o acesso à tecnologia melhorou. Mas será que vivemos na era do acesso universal e na era do gratuito? Um blog que costumo acessar deu um bom palpite outro dia, dá uma olhada: http://www.jppereira.com/engrenagem/2007/05/09/os-jovens-esperam-noticias-de-graca/

Abraço!

FM